Elis Regina Dias
Elis Regina Dias, artista visual graduada, teve seu despertar artístico precoce ainda na infância, em Paranaíba. Aos cinco anos, suas primeiras incursões no universo das artes ocorreram de maneira intuitiva e lúdica, ao confeccionar aberturas de cadernos escolares com suas primas. Esse gesto inaugural, embora simples, foi o prenúncio de uma jornada criativa que se ampliaria ao longo dos anos, quando sua curiosidade natural a conduziu para diversas formas de expressão manual. O manuseio do lápis de cor deu lugar a outras técnicas herdadas de sua família, como o crochê e o tricô, que lhe proporcionaram um domínio inicial sobre o material e o fazer artístico.
Aos nove anos, Elis Regina encontrou na pintura em tecido uma nova possibilidade de expressão, consolidando as bases que sustentariam sua trajetória no campo das artes visuais. A partir desse ponto, seu caminho tornou-se inexoravelmente marcado pela criação contínua, em múltiplos suportes: telas, vidros, porcelanas e papéis. A diversidade de materiais com que trabalhou revela não apenas uma inquietação estética, mas também uma busca incessante por novas formas de linguagem artística.
Foi em Ribeirão Preto, amparada pelo apoio familiar, que Elis Regina deu continuidade a seus estudos artísticos enquanto cursava a faculdade de Direito. Em meio a esses dois mundos, o direito e a arte, sua dedicação à criação plástica prevaleceu. O encontro com Manuel Parra, seu mestre e mentor, foi um divisor de águas em sua trajetória. Parra a desafiou a abandonar a mera reprodução e a abraçar a criação autêntica, exigindo dela um mergulho profundo nas teorias da arte e na história dos grandes mestres. Essa imersão teórica foi decisiva para o refinamento de seu pensamento crítico e para a solidificação de seu estilo.
Elis Regina transita por diversas correntes artísticas, explorando, ao longo dos anos, uma multiplicidade de estilos e técnicas. Contudo, é na abstração que ela encontrou o terreno mais fértil para o desenvolvimento de sua poética visual. Suas obras abstratas revelam uma profunda maturidade criativa, sendo compostas por camadas de cores, formas e texturas que dialogam entre si, criando um universo estético rico e aberto a múltiplas interpretações, alcançando as esferas mais sutis da emoção e da subjetividade.
Sua prodição reflete, de maneira sublime, essa máxima. Suas criações são expressões viscerais de sua paisagem interna, onde predominam a alegria, a vitalidade e a celebração da vida. Suas telas e instalações, carregadas de simbolismo e sensibilidade, convidam o espectador a uma experiência estética imersiva, em que a arte se torna um canal para a contemplação e o diálogo entre o sensível e o transcendental.
A trajetória de Elis Regina nas artes visuais não é apenas uma narrativa de técnica e expressão, mas um testemunho do poder transformador da arte na vida humana. Desde seus primeiros passos com a pintura em tecido, até suas obras abstratas que capturam a essência da emoção e da subjetividade, a busca pela beleza tornou-se um fio condutor em sua jornada.
A arte, para Elis, é um ato do belo que transcende a estética; é uma experiência que promove o convívio e o bem-estar. As cores, formas e texturas que ela utiliza não são meros elementos visuais, mas sim convites para que o espectador se conecte com suas próprias emoções e reflexões. Ao criar um espaço onde as obras dialogam entre si e com o observador, Elis Regina proporciona uma experiência de imersão que vai além do simples ato de contemplação. Esse ato do belo serve como um elo entre as pessoas, fomentando um ambiente de partilha e entendimento. A arte torna-se uma linguagem universal, capaz de comunicar sentimentos profundos e provocar diálogos significativos.
Em um mundo cada vez mais acelerado e desconectado, a prática artística de Elis Regina se destaca como um respiro, um convite à pausa e à introspecção. Assim, a experiência do convívio enriquecido pela arte se revela como essencial para o bem-estar coletivo. Ao promover um espaço de reflexão e sensibilidade, Elis Regina não apenas enriquece a vida daqueles que contemplam suas obras, mas também reafirma a importância da arte como um componente vital na construção de uma sociedade mais harmoniosa e empática. Através de sua poética visual, ela nos lembra que o belo, quando compartilhado, tem o poder de unir, curar e transformar.